Análises

CRESCIMENTO E ALTURA

Fatores que contribuem para a nossa altura

Diversos fatores contribuem para nossa estatura adulta. A partir de uma célula, resultado da fusão de um espermatozóide com um óvulo, desenvolvemos um organismo extremamente complexo e infinitamente maior. Para este desenvolvimento são importantes nossa carga genética, aspectos nutricionais, hormonais, emocionais e comportamentais.


Tal pai tal filho e tal mãe tal filha?

Filhos de pais com determinada estatura terão sua altura muito próxima do pai correspondente do mesmo sexo, ou seja, um filho terá uma altura próxima a de seu pai, e uma filha, próxima a da sua mãe. Para um cálculo aproximado, costuma-se usar a seguinte fórmula: soma da altura dos pais mais 13 centímetros para os meninos (ou menos 13 centímetros para as meninas) dividido por dois. Temos assim o que chamamos de "altura-alvo" de uma pessoa. A altura é considerada normal se for seis centímetros acima ou abaixo do valor calculado. Por exemplo, em um casal cujo pai mede 1 metro e 75 centímetros e a mãe, 1 metro e 70, a altura alvo de um filho será 1 metro e 79 (variando de 1,73 a 1,85) e de uma filha, 1 metro e 66 cm (variando de 1,60 a 1,72). Neste contexto, temos a expectativa de que pais baixos terão filhos baixos e pais altos terão filhos mais altos, o que chamamos de "determinantes familiares da estatura".


Outros fatores

Sobre as potencialidades genéticas de crescimento interagem outros fatores, especialmente os nutricionais (alimentares). Desde a vida no útero materno, a nutrição é muito importante para o crescimento. Se a mãe apresenta problemas de saúde, tais como pressão alta, tabagismo, desnutrição, insuficiência renal, problemas cardíacos e pulmonares, o feto pode não receber uma nutrição adequada e desenvolver-se pouco. Ao final da gestação teremos um recém-nascido com baixo peso e estatura comprometida. A esta situação chamamos de retardo de crescimento intra-uterino, o que vai determinar geralmente um grande comprometimento da altura adulta da criança.


Aspectos nutricionais

Os aspectos nutricionais também são importantes para o crescimento depois do nascimento. Se uma criança nasce com peso e altura normais (em geral ao redor de três quilos e com 50 centímetros), o fato de ela receber leite materno é outro item importante para o seu crescimento saudável. Crianças amamentadas recebem, além do leite materno, todo um conjunto de envolvimento emocional que as tornam, quando adultas, mais altas que aquelas que receberam alimentação artificial


Doenças podem afetar o crescimento

Durante a infância, são significativas algumas doenças que podem afetar o crescimento das crianças. Entre elas, as diarréias, os problemas respiratórios e o uso de alguns remédios, principalmente a cortisona. Se pensarmos somente no crescimento, deveria se proibir o uso de cortisona nas crianças, especialmente se por tempo prolongado (semanas). Sempre que utilizamos algum medicamento infantil devemos nos perguntar: este remédio contém cortisona? Se esta substância estiver presente, vale a pena questionar se não há outra medicação.


Hormônios do crescimento

A partir dos 2 anos de idade, se tornam importantes os hormônios relacionados ao crescimento, que são o próprio hormônio de crescimento e o hormônio da tireóide. Os hormônios sexuais (testosterona e estrógenos) serão importantes na época da puberdade. Todos eles, quando deficientes, resultam em baixa estatura e comprometem a altura final das pessoas. A sua falta é facilmente diagnosticada por um médico e o tratamento adequado corrige os problemas de crescimento e estatura.

Durante o período da puberdade, em que começam a se desenvolver os órgãos genitais, pelos e ocorrem diversas alterações no corpo, devemos estar alertas para o fato de que, muitas vezes, o não surgimento desses sinais de puberdade se constitui em um espécie de "defesa" do organismo. O processo puberal, quando instalado, provoca um grande aumento de estatura mas também marca o fim do crescimento. Ou seja, quando o adolescente cresce e desenvolve sua puberdade, ele está, na verdade, chegando em sua altura final. O atraso na modificação do corpo de um adolescente pode permitir uma continuação do seu crescimento antes da puberdade. Completada a puberdade, desenvolvido o corpo com caracteríscas da idade adulta, cresceremos somente mais alguns centímetros. Isto é ainda mais significativo nas meninas, que crescem primeiro e também param de crescer antes dos meninos


O que fazer quando a criança não cresce

Um adolescente que não desenvolve a sua puberdade deve procurar atendimento médico a partir dos 13 anos (menina) ou 14 anos (menino). Se sua estatura for baixa é recomendável que se procure um médico ainda mais cedo, de preferência, no momento em que o pediatra perceber que houve uma diminuição ou parada no ritmo de crescimento. Neste caso, o médico poderá orientar se devemos ou não interferir no processo. Além disso, não se recomenda o uso de alguns medicamentos para "estimular" o crescimento. Muitos destes contêm anabolizantes que estimulam o crescimento, provocando porém um crescimento ósseo exagerado que, em consequência, acaba diminuindo a altura final (adulta). Muito cuidado com "fórmulas mágicas" para crescer. Elas podem ser um sucesso momentâneo e um fracasso ao final de alguns anos.



Importância de fatores comportamentais

Finalmente, para um desenvolvimento adequado é importante também uma série de fatores emocionais e comportamentais. Crianças com boa estrutura familiar, sem carências afetivas graves, crescem melhor. Perdas emocionais, como a desagregação familiar ou a perda definitiva de um familiar querido, podem repercutir sobre o crescimento. Oferecer um ambiente afetivo adequado é condicionante para um bom crescimento.


Hábitos ruins para o crescimento

Nos dias atuais contamos ainda com interferências de hábitos de vida muitas vezes inadequados, que podem repercutir sobre o crescimento. Entre eles, a falta de exercícios físicos (sedentarismo) e o sono irregular. Para um bom crescimento, além de alimentação e "cabeça boa", é importante uma atividade física regular e um horário mínimo de sono regular. Praticar um esporte, seguido de uma boa refeição e de um período de descanso, é uma fórmula muito adequada de aproveitarmos bem nosso crescimento.


Dr. Mauro Antonio Czepielewski

Professor do Departamento de Medicina Interna .
Professor Orientador do Programa de Pós- graduação em Medicina em Endocrinologia na Faculdade de Medicina (UFRGS ).
Médico do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Doutor em Endocrinologia pela UNIFESP/EPM São Paulo.
Vice- Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul ( UFRGS ).


fonte: http://www.medicinal.com.br/temas/temas.asp?tema=50

Imprimir Email