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É PELO AMOR QUE A GENTE VAI À LUTA

Aos 59 anos, N.G.R. é avó de dois netos, de 5 e 6 anos. Há mais de um ano, ela aguarda da Justiça resposta ao pedido que fez para que seja regulamentada a sua visita aos netos. Até agora não houve manifestação. Desde que o seu filho e pai dos garotos, F.M.R., de 35 anos, separou-se da primeira mulher, ela sonha com o ?direito? de visitar os netos em momentos exclusivos, só para ela. E a situação se agravou: no ano passado, quando divergências com a mãe das crianças reduziram o tempo do direito de visita do pai e, por extensão, da avó. A família continua à espera de que a Justiça reverta a situação e estipule um período específico de visita à avó. ?É pelo amor que a gente vai à luta?, justifica N.G.R.

Enquanto isso, num shopping de Sorocaba, tradicional e aconchegante ambiente de lazer e compras, um casal de avós acaba de chegar de uma viagem de aproximadamente quatro horas desde Itapeva, onde moram. Os dois caminham pelos corredores, em meio às lojas, mas não estão a passeio nem curtem as vitrines das lojas. Procuram ver a neta de longe e tomam todo o cuidado para não serem vistos pela mãe dela, a ex-nora. São capazes de qualquer sacrifício para se aproximarem da neta. Não podem deixar que a mãe da menina os veja. Após se separar do filho do casal de avós, a mulher até ameaçou ?sumir? com a menina se os avós entrassem com pedido de visita na Justiça. Com o filho do casal no exterior e a mãe, que tem a guarda da filha.

Essas histórias mostram como a guerra conjugal, quando acaba em separação e envolve filhos, podem deflagrar dramas familiares que vão além dos casais e dos filhos e atingem os demais membros das duas famílias. Quando a ex-nora detém a guarda dos filhos e não quer que eles convivam com os avós paternos, pode haver dificuldades. Os avós paternos, muitas vezes ligados aos netos quando o filho era casado, passam a ter uma vida marcada pelo suspense na esperança diária de conseguir direito de visita aos netos.

?Sofrimento diário?

Durante a espera por uma decisão judicial, no entanto, haja coração. Emoções, lágrimas, tensão, muita tristeza. ?É um sofrimento diário?, descreve N.G.R.. Como antídoto, ela tem esperança e sonha com a imaginação de que um dia terá direito à visita exclusiva dos netos. ?A gente tem esperança, e a gente não vai desistir nunca?, garante a avó.

Após a separação, ocorrida em setembro de 2004, F.M.R. pegava os filhos na escola às quartas-feiras e os devolvia no portão da escola às quintas feiras, o que permitia que eles pernoitassem na sua casa. E também ficava com os meninos em fins de semana alternados - um sim, outro não. Nas férias escolares, ficava 15 dias com os filhos. Tudo fixado em acordo judicial e o esquema durou um ano e meio. A avó via os netos nesses momentos em que eles estavam com o pai.

A mãe, que tem a guarda dos filhos, passou a morar com os pais dela. Os pais dele quiseram ter o mesmo direito de convivência. Começaram as primeiras dificuldades. Por exemplo, passaram a surgir razões, determinadas pela mãe, para não entregar os filhos às quartas-feiras. Pouco depois, para surpresa de F.M.R., recebeu no seu local de trabalho a visita de um oficial de Justiça com uma liminar judicial que suspendia o esquema de visitas até então válido. O despacho impunha somente visitas aos sábados numa semana, das 10h às 18h, e na semana seguinte no domingo, também no mesmo horário.

Em março de 2006, numa audiência, o juiz perguntou à mãe se havia possibilidade de aumentar o tempo de visita para o pai e os avós. A mãe não concordou. Em outubro de 2006, por decisão judicial, foi feito um estudo social da casa de F.M.R.. ?Saiu um laudo em dezembro e foi favorável a mim?, diz o pai. O laudo informa que a sua casa tem cachorro, roupas nos armários, brinquedos para as crianças.

Avós do shopping

A história dos avós no shopping é contada pela advogada Zeneide Gimenez Milan, que foi procurada pelos avós. Zeneide entrou em contato com a mãe e começou a intermediar uma negociação. Convenceu a mãe a concordar com as visitas dos avós à menina.
Eles vinham de Itapeva, pegavam a menina e iam ao shopping, tomavam sorvete, almoçavam. Esse esquema durou dois anos. Até que o pai da menina voltou do exterior e a menina passou a ficar alguns fins de semana com ele. Automaticamente, nesses períodos os avós convivem com a neta.

Fonte: http://www.cruzeironet.com.br/run/35/249544.shl

Written by Cruzeironet.

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