Ser Pai

A MUDANÇA DA MINHA VIDA: SER PAI!

Desde minha infância e juventude acho que vinha preparando-me, de alguma forma, para um dia assumir o papel que meu pai desempenhou comigo e minhas irmãs e irmão.

Como caçula de 5 filhos ajudei minha irmã mais velha a cuidar de meu sobrinho mais velho, trocando e passando suas fraldas. Já sentindo, na ocasião, um pouco do sentimento de ver aos braços um ser tão pequenino e indefeso e que, ao mesmo tempo, proporcionava tanta alegria em nossos corações.

Chegando a fase adulta de minha vida, tinha eu dois desejos prioritários, além de ser um bom profissional em minha carreira: casar e iniciar minha família, prolongando-a através daqueles(as) que seriam as lembranças, continuação e riquezas de ensinamentos passados de geração à geração tanto de minha quanto da família daquela que hoje é minha esposa.

Desde nosso casamento vinha, com minha esposa Alessandra, preparando-me e desejando nosso(a) filho(a). Olhávamos vitrines e lojas de bebês; comprávamos livros e revistas sobre filhos; assistíamos aos nascimentos de crianças do programa História de um Bebê televisionado pelo canal Discovery Health; enfim, tudo que se relacionava com bebês, filhos e suas criações, de uma forma ou de outra, tentávamos acompanhar e aprender.

Mesmo ainda sem nosso filho(a) preparamos nossa casa para recebê-lo, eu cheguei a comprar, há mais de 2 anos, uma roupinha com meu time favorito (coisa de pai coruja). Rezava por ele(a) com a Alessandra pedindo para ele(a) vir em paz, saúde e amor e que chegasse quando ele(a) e nós estivéssemos preparados para assumirmos os papéis que teríamos que assumir juntos em nossas vidas.

Em cada momento, em cada expectativa, em cada leitura, em cada passo de minha vida conjugal, sem contudo deixar que isso virasse uma obsessão e prejudicasse a bela união que Deus concedeu-me ao apresentar-me minha esposa, preparei-me para ser PAI e, nas proporções devidas, sentir-me “grávido” com minha esposa.

Até que, aos 19 dias de junho de 2003, nasceu meu, nosso, pequeno Ivan! Nossa que graça! que belo bebê! que amor...!!! Essas eram as frases ouvidas e ditas, no entanto dentro de mim haviam outras mais sérias e importantes: sou pai mesmo? Como fazer? Agora taí, meu filho, será que estou realmente preparado?...São tantas as perguntas que minha cabeça, mente e corpo dividiam uma série de conflitos internos para achar uma solução e respostas a tudo.

Entretanto, não havia mais tempo para respostas e pensamentos, agora eu tinha que agir e fazer !! Tinha que participar, pois agora havia em meu seio familiar nosso tão esperado filho! Minha esposa? Bem, ela, devido ao seu instinto materno, como toda a mulher já o tem desde o nascimento já estava lá, amamentando, trocando fraldas, dando banho e etc, claro que inicialmente também auxiliada por ninguém melhor para isto do que àquela que fez o mesmo por ela: sua mãe; que na realidade, também, de uma forma carinhosa, com amor e respeitadora também minha mãe.

Lutando contra os pensamentos maternos tais como: você não sabe fazer isso! Trocar fralda não, você é lento demais e ele vai sentir frio!! Dar banho??? Ele é muito molezinho, deixa para quando ele estiver maior! Não se esqueça de fazê-lo arrotar!; eu queria e tinha que participar. Não participar apenas “por trás dos bastidores”, comprando e trazendo fralda, trocando o lixinho do quarto, lavando e/ou passando as roupinhas; tinha que participar de forma mais efetiva, acompanhando passo-a-passo a evolução e crescimento de meu filho. Assim, fui aprendendo. Aprendendo a dar banho, arrumar o berço, arrumar o armário e suas roupinhas, entender e compreender os tipos de choros e necessidades de meu Ivanzinho.

Isso tudo não só para satisfazer a um ego ou desejo interno que tinha e tenho de ser pai, mas, acima disto, de dividir com minha esposa o prazer e trabalho (pois o é, e muito) de cuidar de nosso filho. Assim o fiz e faço. Fico acordado as noites, cuidando e olhando nosso “baby”! Divido as tarefas de casa com a Alessandra (que carinhosamente todos chamam-na de Sandy).

Devo ressaltar porém que durante as noites da semana é difícil, pois de manhã tenho que ir trabalhar e só volto tarde da noite. Contudo sempre chego, por mais que cansado possa estar, disposto a fazer algo, nem que seja apenas ajudar um pouco ou trocar os lixinhos, para sentir-me um pouco mais presente na vida de meu filho. Aproveito também para chegar ao berço e dar-lhe um beijinho e dizer-lhe palavras carinhosas como: Eu te amo muito! Não esquecendo, porém, de também o dizer a minha esposa, pois ela é também minha vida e família e o início de todo esse prazer de ser PAI!

É difícil o papel de pai. É difícil participar com minha esposa da tarefa de cuidar de meu filho, afinal tenho que dedicar-me ao trabalho pois não há “licença paternidade” para nós homens como existe para as mulheres. Assim, como posso eu sentir-me mais perto deles (mãe e filho)? Procurando e tentando achar uma solução para isto é que descobri-me mais participativo ao deparar-me com um fórum de mães e pais.

É ali, naquele fórum, trocando idéias, problemas, dúvidas, amizades, apoios, com mães e pais que comecei a descobrir novas formas para que, como pai, esteja mais presente na criação de nosso filho. Minha esposa fica atarefada cuidando do pequenino, liga-me para informar o que está acontecendo e suas preocupações quanto a sua respiração, e outros fatos que o bebê apresenta não sabendo se é ou não normal. Aí neste momento, eu, por vezes, já tenho as respostas, pois tomei conhecimento no fórum que isto ou aquilo é normal ou existe essa ou aquela solução. Isto, para mim, é ser Pai, é participar, é sentir-me útil, é estar junto (mesmo fisicamente longe) de minha esposa e filho dia-a-dia, hora-a-hora!

Ser pai é fácil, na verdade, nós homens assim nos tornamos quando o bebê nasce. No entanto, alimentar o desejo de o ser, preparar-se para o ser e tornar-se PAI é difícil. Pois PAI não é quem o gera, é quem o cuida, quem o abraça, quem lhe dá amor, quem participa junto da MÃE em sua criação, felicidade, saúde, doença, noites em claro. Ser PAI é tentar ser MÃE e o ser, mesmo que esse significado só seja percebido dentro de mim mesmo!

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Dedico este texto aos meus pais, Rogério e Nilza Moulin, pelos ensinamentos de vida e amor que moldaram a pessoa que hoje sou e todos os sacrifícios que fizeram para criar-me; dedico ainda a minha esposa, Maria Alessandra L. Moulin, pelo amor, apoio, carinho, dedicação e amizade que auxiliam-me a cada dia no alcançar de meus sonhos, desejos e realidades; e, acima de tudo, dedico a meu filho, Ivan Lima Moulin por englobar e representar em seu ser tudo o que minha vida representa.


Fonte:http://www.aleitamento.org.br/pai/depoimentoivan.htm

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