EDUCAÇÃO DE MENINOS E MENINAS
Perguntas e respostas A "primeira vez" é diferente para garotos e garotas? 1- Marcos, hoje em dia fala-se muito na educação de meninos e meninos, para que a gente não discrimine um e outro...O que muda nesse processo?
O que muda é a forma como as pessoas - e os pais não estão excluídos desse processo - lidam com a sexualidade de meninos/homens e meninas/mulheres (sejam crianças ou adolescentes).
Ainda hoje, existe uma educação muito diferenciada para homens e mulheres e, na grande maioria das vezes, com vantagens e privilégios para homens, em detrimento das mulheres.
É importante entendermos que diferença não significa desigualdade. E essa igualdade de gênero pode - e deve! - começar em casa e se estender por todo ciclo escolar.
Em casa, através de atitudes que mostrem que homens e mulheres são iguais, com as mesmas potencialidades. Incluindo aí, uma educação para a sexualidade que passe pelo afetivo, respeito as diferenças de cada pessoa e um cuidado com si e com o outro. E, nesse caso em específico, quero dizer: responsabilidade e prevenção.
Na escola, através de um projeto pedagógico que contemple a sexualidade como algo importante para o desenvolvimento saudável de todo ser humano.
2- Ainda se espera que as meninas sejam delicadas e os meninos agressivos?
Mais do que se espera, educa-se com esse fim. Ainda hoje, na nossa cultura, acredita-se que "ser homem" é o mesmo que ser agressivo, competitivo, menos afetivo e mais "durão". Em contrapartida, da menina, ninguém espera outro comportamento que não seja a delicadeza e a fragilidade.
As próprias brincadeiras e jogos infantis, simbolicamente, mostram isso.
Geralmente, quais são as brincadeiras dos meninos?
Jogar bola de gude, pipa, futebol, etc. Ou seja, bricadeiras que passam pela competição.
E do que as meninas brincam?
casinha, boneca, comidinha....brincadeiras que as colocam de frente com o "cuidar".
As brincadeiras dos meninos - a maioria - são feitas na rua, reproduzindo o que é esperado do homem quando crescer: ir prá rua em busca do sustento da família. E das meninas, acontecem em casa, com a forte reprodução de que cresçam cuidando da casa e dos afazeres domésticos.
Por isso, enquanto não tivermos pais abertos a mudanças e escolas que se preocupem com tais questões, muito pouco vai acontecer em têrmos de igualdade de gênero. Apesar de já termos avançado muito.
3- Mas existe um comportamento diferente de "meninos" e "meninas"?
Com certeza! Mas essa diferença não pode ser transformada em desigualdade.
Por outro lado, nós vivemos numa cultura que oprime muito o homem também, quando o "obriga" a estar sempre de "plantão", sem poder "negar fogo" ou demonstrar suas fraquezas e fragilidades.
Acredito que, na verdade, ambos (homens e mulheres) estão presos a papéis pré-estabelecidos pela sociedade. Apesar de, nessa conta, as mulheres estarem em desvantagens.
4- A "primeira vez" é diferente para garotos e garotas?
Sem dúvida! Como diferentes são as expectativas dos pais e do grupo de amigos. Do garoto, cobra-se logo a "primeira transa" como prova de masculidade. Das meninas é exatamente o oposto.
Ainda em algumas (muitas) localidades do Brasil, o pai, um tio ou um amigo mais velho, leva o garoto para uma "transa paga" e ainda fica esperando na saída para saber "como foi".
É claro que não podemos considerar essa, a forma mais adequada dos garotos se iniciarem sexualmente.
Pensem vocês: naquele momento ele vai ter que ficar excitado, passar no "teste", ter um bom desempenho e ainda não decepcionar para contar a quem está "lá fora" esperando. O resultado? Certamente um desatre e que pode trazer conseqüências bem negativas para sua vida sexual atual/futura. Nada mais adequado de que sua primeira relação sexual ocorra naturalmente, sem pressão, mas com prevenção.
Das meninas espera-se que essa primeira vez não ocorra, pelo menos tenta-se adiar o máximo que pode. Errado? O errado é não falar, não educar, não falar da importância de se prevenir e de não ser objeto para o namorado satisfazer as próprias necessidades sexuais ou apenas sair para "provar" que gosta dele.
O que podemos - e devemos fazer - é fortalecê-los para que a ecolha seja mais acertiva possível e, quando essa "primeira vez" ocorrer, que seja com tranqüilidade, sem culpas e com responsabilidade consigo mesma e com o outro.
Se já fazendo alguma coisa, já não podemos ter essa garantia, isso porque é um momento muito individual e intransferível, imagina se nada for feito?
5- Quando o assunto é relacionamento sexual, podemos dizer que existem pessoas "machistas" e "feministas"?
Podemos dizer que existem homens e mulheres machistas e feministas, independente da questão sexual.
Há homens que acreditam (e o pior é que acreditam mesmo!!) que a mulher é sua propriedade!
Há mulheres que educam seus filhos homens como "machinhos em miniaturas".
Há em diversas localidades do Brasil mulheres que ao se deitar perguntam as seus maridos: "O senhor vai me usar essa noite?" ......diante da negativa, pedem licença e vão se deitar. Em alguns casos no chão, para que ele fique na rede.
É o trabalho na escola, comunidade, associação de moradores e movimento de mulheres, em sites como esse que presta um serviço educativo importantíssimo, na mídia e na ação isolada e/ou organizada de profissionais, que vamos transformar essa sociedade. Isso porque, não há democracia se ela pára na porta da fábrica ou na beira na cama.
6- As mulheres ganharam espaço nas últimas décadas - no mercado de trabalho, na sociedade, etc. Que mudanças trouxeram para homens e mulheres?
Creio que a principal foi a possibilidade de se realizar profissionalmente. Mostrar que é tão competente quanto o homem e que sabe muito mais e que vai muito mais além do que lidar com garfos e fogão.
A mulher não nasce com o desejo de lavar pratos, assim como o homem não nasce com a vontade de sustentar a mulher. E a entrada no mercado de trabalho possibilita que ela saia da dominação do marido e dependência econômica dele. Claro que isso não resolve tudo, mas é um passo muito importante.
E para o homem também é muito melhor, porque vai ter uma mulher que possa participar ativamente de outras questões até então não presentes e vai ter uma pessoa que, pelo fato de estar trabalhando fora, pode ter uma maior visão de mundo maior. E "só" em casa, isso nem sempre é possível. E o resultado na educação dos filhos, soa muito positivamente.
O que precisamos ficar atentos é que, muitas vezes a mulher faz o mesmo trabalho do homem e ganha menos pelo fato de ser mulher. Nesses casos, não podemos nos calar!
7- Porque ainda há tantos tabus (assuntos proibidos ou pouco falados)?
A ignorância é um dos maiores obstáculos para que o ser humano consiga viver em toda plenitude.
Quando falamos de sexualidade, então, essa dificuldade se apresenta mais evidente ainda.
O sexo é a parte mais profunda do ser inteiro. Mexe com sensibilidade, fantasias, escolhas, aceitação por si mesmo e pelo outro e dificuldade de lidar com questões muitas vezes não trabalhadas/resolvidas internamente.
E junta-se a isso, a falta de informação. A falta de esclarecimentos sexuais não só nos leva a criar idéias distorcidas, como também impede de questionar e repensar conceitos errados.
Daí a importância desse espaço aqui e de todos os trabalhos que são feitos
8- Os adolescentes de hoje sabem conversar sobre seus medos e dúvidas?
Em tese sim! Mas não podemos nos iludir de que só informar basta. A informação é importante, mas para que tenhamos um trabalho adequado e adolescentes participativos, colocando sua dúvidas e os que angustiam, é fundamental trabalhar o emocional. Só o emocional muda comportamento.
Como assim, podem perguntar alguns educadores que lêem essas respostas?
Através de técnicas pedagógicas, como a dramatização por exemplo, onde o adolescente pode dar "vida" as suas dificuldades através de um personagem e, a partir daí, discutir com o grupo.
O que muda é a forma como as pessoas - e os pais não estão excluídos desse processo - lidam com a sexualidade de meninos/homens e meninas/mulheres (sejam crianças ou adolescentes).
Ainda hoje, existe uma educação muito diferenciada para homens e mulheres e, na grande maioria das vezes, com vantagens e privilégios para homens, em detrimento das mulheres.
É importante entendermos que diferença não significa desigualdade. E essa igualdade de gênero pode - e deve! - começar em casa e se estender por todo ciclo escolar.
Em casa, através de atitudes que mostrem que homens e mulheres são iguais, com as mesmas potencialidades. Incluindo aí, uma educação para a sexualidade que passe pelo afetivo, respeito as diferenças de cada pessoa e um cuidado com si e com o outro. E, nesse caso em específico, quero dizer: responsabilidade e prevenção.
Na escola, através de um projeto pedagógico que contemple a sexualidade como algo importante para o desenvolvimento saudável de todo ser humano.
2- Ainda se espera que as meninas sejam delicadas e os meninos agressivos?
Mais do que se espera, educa-se com esse fim. Ainda hoje, na nossa cultura, acredita-se que "ser homem" é o mesmo que ser agressivo, competitivo, menos afetivo e mais "durão". Em contrapartida, da menina, ninguém espera outro comportamento que não seja a delicadeza e a fragilidade.
As próprias brincadeiras e jogos infantis, simbolicamente, mostram isso.
Geralmente, quais são as brincadeiras dos meninos?
Jogar bola de gude, pipa, futebol, etc. Ou seja, bricadeiras que passam pela competição.
E do que as meninas brincam?
casinha, boneca, comidinha....brincadeiras que as colocam de frente com o "cuidar".
As brincadeiras dos meninos - a maioria - são feitas na rua, reproduzindo o que é esperado do homem quando crescer: ir prá rua em busca do sustento da família. E das meninas, acontecem em casa, com a forte reprodução de que cresçam cuidando da casa e dos afazeres domésticos.
Por isso, enquanto não tivermos pais abertos a mudanças e escolas que se preocupem com tais questões, muito pouco vai acontecer em têrmos de igualdade de gênero. Apesar de já termos avançado muito.
3- Mas existe um comportamento diferente de "meninos" e "meninas"?
Com certeza! Mas essa diferença não pode ser transformada em desigualdade.
Por outro lado, nós vivemos numa cultura que oprime muito o homem também, quando o "obriga" a estar sempre de "plantão", sem poder "negar fogo" ou demonstrar suas fraquezas e fragilidades.
Acredito que, na verdade, ambos (homens e mulheres) estão presos a papéis pré-estabelecidos pela sociedade. Apesar de, nessa conta, as mulheres estarem em desvantagens.
4- A "primeira vez" é diferente para garotos e garotas?
Sem dúvida! Como diferentes são as expectativas dos pais e do grupo de amigos. Do garoto, cobra-se logo a "primeira transa" como prova de masculidade. Das meninas é exatamente o oposto.
Ainda em algumas (muitas) localidades do Brasil, o pai, um tio ou um amigo mais velho, leva o garoto para uma "transa paga" e ainda fica esperando na saída para saber "como foi".
É claro que não podemos considerar essa, a forma mais adequada dos garotos se iniciarem sexualmente.
Pensem vocês: naquele momento ele vai ter que ficar excitado, passar no "teste", ter um bom desempenho e ainda não decepcionar para contar a quem está "lá fora" esperando. O resultado? Certamente um desatre e que pode trazer conseqüências bem negativas para sua vida sexual atual/futura. Nada mais adequado de que sua primeira relação sexual ocorra naturalmente, sem pressão, mas com prevenção.
Das meninas espera-se que essa primeira vez não ocorra, pelo menos tenta-se adiar o máximo que pode. Errado? O errado é não falar, não educar, não falar da importância de se prevenir e de não ser objeto para o namorado satisfazer as próprias necessidades sexuais ou apenas sair para "provar" que gosta dele.
O que podemos - e devemos fazer - é fortalecê-los para que a ecolha seja mais acertiva possível e, quando essa "primeira vez" ocorrer, que seja com tranqüilidade, sem culpas e com responsabilidade consigo mesma e com o outro.
Se já fazendo alguma coisa, já não podemos ter essa garantia, isso porque é um momento muito individual e intransferível, imagina se nada for feito?
5- Quando o assunto é relacionamento sexual, podemos dizer que existem pessoas "machistas" e "feministas"?
Podemos dizer que existem homens e mulheres machistas e feministas, independente da questão sexual.
Há homens que acreditam (e o pior é que acreditam mesmo!!) que a mulher é sua propriedade!
Há mulheres que educam seus filhos homens como "machinhos em miniaturas".
Há em diversas localidades do Brasil mulheres que ao se deitar perguntam as seus maridos: "O senhor vai me usar essa noite?" ......diante da negativa, pedem licença e vão se deitar. Em alguns casos no chão, para que ele fique na rede.
É o trabalho na escola, comunidade, associação de moradores e movimento de mulheres, em sites como esse que presta um serviço educativo importantíssimo, na mídia e na ação isolada e/ou organizada de profissionais, que vamos transformar essa sociedade. Isso porque, não há democracia se ela pára na porta da fábrica ou na beira na cama.
6- As mulheres ganharam espaço nas últimas décadas - no mercado de trabalho, na sociedade, etc. Que mudanças trouxeram para homens e mulheres?
Creio que a principal foi a possibilidade de se realizar profissionalmente. Mostrar que é tão competente quanto o homem e que sabe muito mais e que vai muito mais além do que lidar com garfos e fogão.
A mulher não nasce com o desejo de lavar pratos, assim como o homem não nasce com a vontade de sustentar a mulher. E a entrada no mercado de trabalho possibilita que ela saia da dominação do marido e dependência econômica dele. Claro que isso não resolve tudo, mas é um passo muito importante.
E para o homem também é muito melhor, porque vai ter uma mulher que possa participar ativamente de outras questões até então não presentes e vai ter uma pessoa que, pelo fato de estar trabalhando fora, pode ter uma maior visão de mundo maior. E "só" em casa, isso nem sempre é possível. E o resultado na educação dos filhos, soa muito positivamente.
O que precisamos ficar atentos é que, muitas vezes a mulher faz o mesmo trabalho do homem e ganha menos pelo fato de ser mulher. Nesses casos, não podemos nos calar!
7- Porque ainda há tantos tabus (assuntos proibidos ou pouco falados)?
A ignorância é um dos maiores obstáculos para que o ser humano consiga viver em toda plenitude.
Quando falamos de sexualidade, então, essa dificuldade se apresenta mais evidente ainda.
O sexo é a parte mais profunda do ser inteiro. Mexe com sensibilidade, fantasias, escolhas, aceitação por si mesmo e pelo outro e dificuldade de lidar com questões muitas vezes não trabalhadas/resolvidas internamente.
E junta-se a isso, a falta de informação. A falta de esclarecimentos sexuais não só nos leva a criar idéias distorcidas, como também impede de questionar e repensar conceitos errados.
Daí a importância desse espaço aqui e de todos os trabalhos que são feitos
8- Os adolescentes de hoje sabem conversar sobre seus medos e dúvidas?
Em tese sim! Mas não podemos nos iludir de que só informar basta. A informação é importante, mas para que tenhamos um trabalho adequado e adolescentes participativos, colocando sua dúvidas e os que angustiam, é fundamental trabalhar o emocional. Só o emocional muda comportamento.
Como assim, podem perguntar alguns educadores que lêem essas respostas?
Através de técnicas pedagógicas, como a dramatização por exemplo, onde o adolescente pode dar "vida" as suas dificuldades através de um personagem e, a partir daí, discutir com o grupo.