PAIS E FILHOS
Na oitava que prepara o Dia dos Pais, sento no cinema com meu filho e as duas filhas para assistir “Dr Dolittle”, Eddie Murphy, o protagonista, é um médico requisitado por seus pacientes animais para protege-los e proteger a floresta de humanos inescrupulosos que só pensam em ganhar dinheiro com suas madeireiras e exterminar árvores e espécies.
A luta ecológica, no filme, não coloca em segundo plano a sublimidade do ser pai. No fim, Dolittle reencontra a filha de 16 anos, após quase duas décadas de incompreensões e distanciamentos causados pelo estresse da vida profissional e pela obsessão da luta ambiental. E o urso do circo reencontra, num bosque, a sua identidade de urso, como amante de uma charmosa ursa e pai de dois ursinhos.
Quem, durante anos, foi condicionado no seminário a não ser pai, sai do cinema, com seus “ursinhos”, com 1ágrimas nos olhos.
Nas reflexões teológicas e filosóficas sobre a paternidade me ensinaram que o filho é sinal sensível do amor do homem com a mulher. A psicanálise detalha, com maior propriedade, em rios de seminários e de livros, a função do pai. Mas não existe reflexão intelectual capaz de superar, como ato prazeroso, a vivência. É tão bom a gente simplesmente olhar, admirado, esses seres, grandes ou pequenos, machos ou fêmeas, que tanto nos emocionam e que prolongarão no planeta a nós e a vida, após a nossa partida.
Foi tão bom tocá-los pela primeira vez, quando nasceram. Ou acalenta-los alta madrugada, andando pra lá e pra cá no quarto escuro, ajeitando o cobertor para afugentar o frio, as lágrimas e a dor de barriga ou dos ouvidos, É tão bom contemplá-los a descobrir a vida, etapa por etapa, e incorporá-la.
E é tão ruim os distanciamentos provocados pelas incongruências da vida moderna, a corrida atrás do dinheiro, pela luta da sobrevivência, pelo afã do perfeccionismo profissional, pela idolatria e autofagia da luta política, por mais nobre que seja, pelos desencontros do pai com a mãe.
Advogado da vida e do prazer, acabei alfinetando o excesso de intelectualismo presente às vezes nos livros filosóficos, teológicos e psicanalíticos. A defesa da psicanálise deixo para meu irmão, que, durante anos, se dedicou a Freud, Lacan e outros na iluminada Paris.
Hoje me basta saber que não se encontrou na experiência e no discurso humanos nada melhor para exprimir o Grande Artísta e a Fonte dos Seres do que a palavra “pai”.
E foi assim que a Transcendência, ao abraçar a Imanência, nos ensinou a rezar: “Pai Nosso, que estais nos céus...”
É sublime, divino ser pai, Dos próprios filhos ou de todas as criaturas.
Jornalista e deputado federal (PT-MG).
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A luta ecológica, no filme, não coloca em segundo plano a sublimidade do ser pai. No fim, Dolittle reencontra a filha de 16 anos, após quase duas décadas de incompreensões e distanciamentos causados pelo estresse da vida profissional e pela obsessão da luta ambiental. E o urso do circo reencontra, num bosque, a sua identidade de urso, como amante de uma charmosa ursa e pai de dois ursinhos.
Quem, durante anos, foi condicionado no seminário a não ser pai, sai do cinema, com seus “ursinhos”, com 1ágrimas nos olhos.
Nas reflexões teológicas e filosóficas sobre a paternidade me ensinaram que o filho é sinal sensível do amor do homem com a mulher. A psicanálise detalha, com maior propriedade, em rios de seminários e de livros, a função do pai. Mas não existe reflexão intelectual capaz de superar, como ato prazeroso, a vivência. É tão bom a gente simplesmente olhar, admirado, esses seres, grandes ou pequenos, machos ou fêmeas, que tanto nos emocionam e que prolongarão no planeta a nós e a vida, após a nossa partida.
Foi tão bom tocá-los pela primeira vez, quando nasceram. Ou acalenta-los alta madrugada, andando pra lá e pra cá no quarto escuro, ajeitando o cobertor para afugentar o frio, as lágrimas e a dor de barriga ou dos ouvidos, É tão bom contemplá-los a descobrir a vida, etapa por etapa, e incorporá-la.
E é tão ruim os distanciamentos provocados pelas incongruências da vida moderna, a corrida atrás do dinheiro, pela luta da sobrevivência, pelo afã do perfeccionismo profissional, pela idolatria e autofagia da luta política, por mais nobre que seja, pelos desencontros do pai com a mãe.
Advogado da vida e do prazer, acabei alfinetando o excesso de intelectualismo presente às vezes nos livros filosóficos, teológicos e psicanalíticos. A defesa da psicanálise deixo para meu irmão, que, durante anos, se dedicou a Freud, Lacan e outros na iluminada Paris.
Hoje me basta saber que não se encontrou na experiência e no discurso humanos nada melhor para exprimir o Grande Artísta e a Fonte dos Seres do que a palavra “pai”.
E foi assim que a Transcendência, ao abraçar a Imanência, nos ensinou a rezar: “Pai Nosso, que estais nos céus...”
É sublime, divino ser pai, Dos próprios filhos ou de todas as criaturas.
Jornalista e deputado federal (PT-MG).
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