Ser Pai

O PAI E A PATERNIDADE

Visando aumentar o seu faturamento, o comércio promove datas comemorativas visando estimular o consumo da população apelando para o sentimentalismo. Estrategicamente comemoradas próximo ao dia 10 de cada mês, entre as de maior faturamento estão o dia das mães (mês de maio) e dia dos namorados (mês junho), este já superando as outras datas, pois como dizem os marqueteiros: mãe é uma só, mas namorados podem ser vários. Procurando estabelecer uma seqüência de datas com este espírito, já existem planos para criar o "dia dos avós" que seria comemorado no mês de julho.

Normalmente o dia dos pais, que homenageia a figura paterna no mês de agosto, não estimula tanto o consumo como as datas já citadas. Talvez pelo fato de tradicionalmente ser o pai o único responsável pelo sustento da família, não dispondo ela de recursos para presenteá-lo. Também influencia o fato que no modelo tradicional de família, a figura paterna é ausente na educação dos filhos, cabendo à mãe acompanhar o cotidiano deles. Isto causa um natural distanciamento entre pai e filhos.

Nestes tempos modernos, em que a mulher contribui decisivamente na manutenção financeira do lar e que o pai opta em ser mais participativo, há uma maior divisão na responsabilidade na educação dos filhos, sendo muito comum o pai contribuir nas tarefas caseiras, incluindo os cuidados com o bebê. Isto tem aproximado mais a figura paterna dos filhos e, não raro, quando das separações conjugais, acontece dos filhos optarem em ficar morando com o pai, ao contrário da fórmula tradicional da guarda ser preferencialmente da mulher.

Algumas mulheres, a maioria bem sucedida profissionalmente, que mantém o sonho da maternidade, procuram realizá-lo sem a participação de um companheiro efetivo e apelam para a chamada produção independente. Através de relações com parceiros, por elas previamente escolhidos só para esta finalidade, ou mesmo pela inseminação artificial, realizam este sonho, acreditando ser dispensável a figura paterna na educação do filho.

Estudos recentes mostram que a presença física e participativa do pai é essencial para a saúde mental da criança, sustentando que parte decisiva da socialização da criança, aquela em que ela aprende a aceitar os controles sociais sobre o seu comportamento é, normalmente, justamente o pai a pessoa que tem maiores probabilidades de impor essas restrições.

Por controle não se deve entender, de modo nenhum, o autoritarismo tirânico e dominador. Para impor-se com respeito e dignidade ao filho, o pai tem que ser firme mas, compreensivo; justo, porém amoroso; decisivo e, ao mesmo tempo, amigo. O que nem sempre é fácil, porque muitas preocupações às vezes se atropelam na mente e no coração daquele que luta por manter equilibrado o orçamento doméstico, tentando conciliar os gastos da família com o pouco que recebe, na maioria das vezes, em seu labor profissional. É necessária também esta postura por parte do pai na formação da personalidade da filha, embora muitos acreditem que cabe só à mulher o papel educativo da menina. Tanto o filho como a filha, necessitam de igual maneira da contribuição, tanto do pai como da mãe, que deverão atuar desde a mais tenra idade dos seus filhos.

Mas, voltando à figura paterna, é muito mais fácil e cômodo ao pai ser complacente, condescendente e fazer vista grossa aos pequenos deslizes, que posteriormente poderão de tornar grandes, e não "esquentar a cabeça" ser, enfim, um pai "moderno". Ou então, aquele pai alheio, indiferente, ausente, tanto faz como fez, que julga ser sua única obrigação manter o sustento econômico do lar. Em tempos ainda recentes o pai mantinha uma postura autoritária e rígida, chegando às vezes ser tirânico.

Estas posturas, autoritarismo, comodismo e indiferença, são equivocadas e devem ser evitadas. A conduta mais recomendada para o bom relacionamento entre pai e filhos, é aquela em que o pai, juntamente com a mãe, dialogam com seus filhos. Conversam com eles, os ouvem, dando-lhes atenção. É o tão falado diálogo que deve sempre se fazer presente nestas relações, principalmente com relação à assuntos considerados difíceis como drogas e sexualidade.

Pais devem dar aos filhos amor, compreensão, orientação, mão amiga e, sobretudo, exemplos de responsabilidade, de honradez e de probidade. Numa hora, quando na sociedade estes valores não são muito cotados, mais do que urgente a necessidade dos pais fornecerem aos filhos, desde a infância, estes padrões de comportamento de modo que não se tornem eles, depois, criaturas desajustadas, desorientadas e infelizes, repetindo os mesmos erros e causando os mesmos desastres em suas futuras famílias.

Cabe aos pais, pai e mãe em conjunto, encaminharem seus filhos na vida não só com relação à educação formal e à vida profissional mas, principalmente, na educação moral, pois a educação global dos filhos, incluindo o aspecto moral e espiritual, é um dever dos pais, mais ainda: uma verdadeira missão. A lapidação deste Espírito que é colocado sob sua responsabilidade deve se dar através do combate às más tendências e o estímulo às boas, principalmente com relação à moralidade.

Quando se observa a violência juvenil, o crescente envolvimento dos jovens com as drogas e a promiscuidade fazer parte do cotidiano dos adolescentes, deve-se creditar grande parte das causas é educação deficiente que lhes foram oferecidas nos seus primeiros passos. É certo que muitas vezes, apesar da educação adequada recebida, muitos desviam-se de seus caminhos por conta da imaturidade espiritual, mas aí resta aos pais o consolo e a consciência tranqüila de terem cumprido com seu papel.

Todo dia é dia dos pais ou das mães mas, uma vez que a sociedade convencionou em criar um dia especial para homenageá-los, mesmo que o objetivo maior seja faturar financeiramente, que pelo menos façamos uma reflexão de como temos sido como pais e se temos cumprido com a sublime tarefa de encaminhar Espíritos em sua caminhada evolutiva. Afinal, não é sem razão que estes seres foram colocados em nosso caminho.


Delmo Martins Ramos
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Texto fornecido por: Cemir Diniz Campêlo

"Pais e Filhos não querem visitas, querem convivência - Guarda Compartilhada"

Imprimir Email